Em sua origem grega, a palavra pedofilia significa "amar ou gostar de crianças", sem nenhum significado patológico.
De acordo com estudiosos, o termo pedófilo surge como adjetivo no final do século 19, em referência à atração de adultos por crianças ou à prática efetiva de sexo com meninos ou meninas.
Atualmente, o termo é usado de forma corrente para qualquer referência a ato sexual com crianças e adolescentes, desde a fantasia e o desejo enrustidos até a exploração comercial, passando pela pornografia infantil e a realização de programas com crianças e adolescentes.
O assédio, a pornografia, o abuso, o programa e a exploração comercial estão tipificados na legislação penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O uso comum, no entanto, confunde crime com doença.
Não se pode, por exemplo, fazer uma lei contra a cleptomania (o impulso doentio de roubar), mas a lei prevê punições para roubos e furtos.
Da mesma forma, não é possível punir a pedofilia (o desejo), porém a lei estabelece pena para a prática de violência sexual, explica o diretor-presidente da SaferNet Brasil (organização não governamental que desenvolve pesquisas e ações de combate à pornografia infantil na internet), Thiago Tavares.
A coordenadora do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Leila Paiva, destaca que a pedofilia deve ser vista como uma doença, um problema na área de saúde. "Não significa que o pedófilo é criminoso."
"Confunde-se muito o crime de abuso sexual com a pedofilia. A pedofilia é um diagnóstico clínico, não é um diagnóstico de atos de crimes.
O sujeito pode ser um pedófilo e nunca chegar a encostar a mão em uma criança", detalha a psicóloga Karen Michel Esber.
Ex-coordenadora do Programa de Atendimento ao Autor de Violência à Sexualidade de Goiânia, a psicóloga chama a atenção para o risco de confusão no senso comum.
"Da mesma forma que é possível que um pedófilo não pratique qualquer abuso sexual, os que efetivamente cometeram abuso sexual podem não se enquadrar no diagnóstico da pedofilia."
Para Maria Luiza Moura Oliveira, psicóloga social do mesmo programa, há uma "pedofilização" dos abusos cometidos contra menores. "O abusador sexual não é necessariamente pedófilo.
A doença não traduz toda a relação de violação de direitos contra as crianças. A pedofilia é um pedaço da história. Acontece independentemente de ter pedofilia ou não."
A historiadora e socióloga Adriana Miranda, que participou por mais de dois anos de um projeto de pesquisa e extensão da Universidade Federal de Roraima sobre violência sexual contra crianças e adolescentes, lembra que a pessoa que se diz pedófila em julgamento pode fazer isso como estratégia de defesa. "Isso, no entanto, não impede que a pessoa tenha que ser punida. " O secretário executivo do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Benedito Rodrigues dos Santos, também tem essa preocupação. "
Há uma tendência em transformar todos os casos de pedofilia em doença mental. Eu quero alertar para o perigo disso.
Muitos são conscientes e muitos têm problema. É preciso distinguir uma coisa da outra na hora de estabelecer a responsabilização."
Para a médica psiquiatra Lia Rodrigues Lopes, do Hospital Universitário de Brasília, mesmo que a pedofilia seja considerada doença, há entendimento de que o problema não impede que "a pessoa tenha discernimento quanto ao certo e ao errado e que, portanto, possa tomar medidas para prevenir esse comportamento".
Entenda a diferença: Pedofilia: Consta na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) e diz respeito aos transtornos de personalidade causados pela preferência sexual por crianças e adolescentes.
O pedófilo não necessariamente pratica o ato de abusar sexualmente de meninos ou meninas.
O Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não preveem redução de pena ou da gravidade do delito se for comprovado que o abusador é pedófilo.
Violência Sexual: A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes é uma violação dos direitos sexuais porque abusa e/ou explora do corpo e da sexualidade de garotas e garotos.
Ela pode ocorrer de duas formas: abuso sexual e exploração sexual (turismo sexual, pornografia, tráfico e prostituição).
Abuso sexual: Nem todo pedófilo é abusador, nem todo abusador é pedófilo. Abusador é quem comete a violência sexual, independentemente de qualquer transtorno de personalidade, se aproveitando da relação familiar (pais, padrastos, primos, etc.), de proximidade social (vizinhos, professores, religiosos etc.), ou da vantagem etária e econômica.
Exploração sexual: É a forma de crime sexual contra crianças e adolescentes conseguido por meio de pagamento ou troca.
A exploração sexual pode envolver, além do próprio agressor, o aliciador, intermediário que se beneficia comercialmente do abuso.
A exploração sexual pode acontecer de quatro formas: em redes de prostituição, de tráfico de pessoas, pornografia e turismo sexual.
Mato Grosso MT Dados apontam que 80% dos casos ocorrem entre crianças de 2 a 10 anos de idade.
No Brasil, a cada oito minutos uma criança é abusada. Em 2008, foram registrados 32.588 denúncias.
Em Cuiabá e Várzea Grande, dados da Delegacia de Defesa da Criança e do Adolescente (Dedica) mostram que em 2008 foram 734 ocorrências de crimes contra menores de 18 anos.
Já no primeiro semestre de 2009, este número subiu para 907, dos quais, em média, 40% das ocorrências dizem respeito a crimes de abusos e exploração sexual contra o menor.
Mobilizar a população a denunciar os pedófilos este será o grande desafio em 2010.
E a sociedade precisa participar dessa luta, que deve ser de todas as pessoas de bem, finalizou o presidente da ONG MT Contra a Pedofilia Toninho do Gloria.
Vamos combater a pedofilia denunciando, destacou O presidente da ONG MT Contra a Pedofilia Toninho do Gloria. ”.
Como resultado, tem-se vislumbrado, a cada dia, mais denúncias de pedofilia nas cidades, como em Cuiabá, que registrou aumento de 88% nas ocorrências envolvendo violência sexual quando comparados os anos de 2008 e 2009.
Enquanto no ano passado foram registrados 127 casos, no ano anterior foram 68. Os dados são dos seis Conselhos Tutelares da Capital, conforme divulgação feita na imprensa nesta última semana.
Toninho do Gloria informou à imprensa que a ONG MT Contra a Pedofilia vai enviar ofício a todas as delegacias de Polícia Civil do Estado, a todos os Conselhos Tutelares de Menores em Mato Grosso, ao Ministério Público e a todos os órgãos municipais e estaduais que atendem casos de agressão a crianças e adolescentes que enviem relatório de todas as ocorrências registradas em todas as modalidades.
O objetivo, explicou o presidente da ONG MT Contra a Pedofilia Toninho do Gloria, é a formação de um “banco de dados” estadual sobre a violência praticada em MT contra esse público – especialmente a sexual.
Fonte: Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes com assessoria .(Movimento MT Contra Pedofilia)