terça-feira, 20 de julho de 2010

Pedofilia na internet: Ela pode estar perto de você. Saiba como detectar e onde denunciar

A aprovação, na CPI da Pedofilia (que foi criada em março de 2008), do requerimento que determinou a quebra de sigilo de 3.261 álbuns privados hospedados no site de relacionamentos Orkut representou um avanço no combate a este tipo de crime. Afinal, a internet, principalmente o Orkut, é considerada o paraíso dos pedófilos.

Levantamento feito pela ONG SaferNet, especialista em crimes na rede, mostrou um aumento de 37.1% do número de páginas no Orkut de pornografia infanto-juvenil denunciadas à organização no primeiro semestre no período de 2008 a 2009. Diante dessas estatísticas e da dificuldade de encontrar os criminosos, o papel de pais e responsáveis por fiscalizar o conteúdo acessado pelas crianças e adolescentes na rede é fundamental.

Apesar de a maioria dos crimes de exploração sexual infantil acontecer no ambiente doméstico, o aumento da pedofilia na internet é preocupante. O presidente da Safernet, Thiago Tavares, conta que a produção do conteúdo pornográfico ocorre tanto fora quanto dentro da internet. Além da gravação e posterior divulgação dos abusos sexuais, os pedófilos convencem meninos e meninas em salas de bate-papo a se exporem por meio de webcams, o que é gravado nos computadores dos criminosos.

As denúncias recebidas pela Safernet indicam ainda que os pedófilos não costumam se apresentar como adultos, passando-se por crianças ou adolescentes para ganhar a confiança dos jovens. De acordo com Carolina Padilha, coordenadora do Instituto WCF Brasil, organização associada à World Childhood Foundation, o pedófilo cria laços de amizade com a vítima para se aproximar e, até mesmo, marcar um encontro. Por isso, os indícios deste tipo de crime são muito sutis.

"Os pais sempre devem observar a reação da criança em frente ao computador. Eles devem desconfiar se ela começa a se isolar para usar a internet, se começam a acessar em horários diferentes, se fecham as telas do micro quando alguém entra na sala. O principal indício, tanto nos casos de abuso sexual em casa, quanto nos casos de pedofilia na internet, é a mudança de comportamento", explica Carolina Padilha.

Ainda de acordo com Carolina, a melhor forma de prevenção é acompanhar as reações das crianças em frente ao computador. Ela explica que os menores devem ser orientados a não fornecerem dados pessoais - como nome, endereço - não enviarem fotos para amigos virtuais, não aceitarem propostas de encontro sem avisar aos responsáveis e sempre avisarem quando alguma foto recebida ou acessada os perturbar ou causar estranhamento.

"O que a gente orienta é uma conversa franca. Os pais devem procurar saber quem são os amigos do Orkut, do MSN. Não é um controle, mas uma presença educativa. Os filtros bloqueadores até funcionam, mas não adianta se a criança não sabe por que aquilo está sendo usado. Aí fica proibição por proibição. A gente tem que entender que a internet faz parte da vida dessas crianças, não podemos proibir", explica a coordenadora.

Se constatados alguns dos indícios expostos por Carolina, o primeiro passo é estabelecer um diálogo. Segundo o psicólogo Cláudio Augusto Vieira, da Associação Nacional de Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Amced), o adulto deve iniciar uma conversa acolhedora e tranquila, porque a criança não tem consciência do que está acontecendo com ela. Vieira lembra que professores, médicos e outras pessoas próximas à criança também são boas fontes para relatar alguma mudança de comportamento.

Segundo dados da Campanha Nacional de Combate à Pedofilia na Internet de cada cinco crianças que navegam na rede de computadores, uma recebe proposta de um pedófilo. Em média, a cada 33 crianças, uma já se comunicou pelo telefone, para viagens ou encontros, com agressores sexuais. Em 12 anos de campanha, o site da rede de computadores da campanha contra a pedofilia recebeu mais de 150 mil denúncias.

O cidadão pode utilizar o disque 100, do governo federal, para denúncias ou informações sobre abusos ou exploração sexual de crianças e adolescentes. A ligação é gratuita e sigilosa.

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