terça-feira, 13 de julho de 2010

Crianças embaladas pelo maracatu

40 crianças fazem parte do projeto, meta é chegar a 100

Uma mistura de sons, cores e sorrisos. Essa é a primeira impressão de quem acompanha um ensaio do grupo Maracatu Capibaribe, composto por aproximadamente 40 crianças da comunidade do bairro São Jorge.

Para fazer parte do grupo existem alguns requisitos como ter entre 08 e 14 anos, está matriculado e ter um bom rendimento escolar e aceitar trocar o vídeo game, a TV e a internet pelas alfaias ABs e demais instrumentos que em instantes começam a executar um repertório repleto de músicas pernambucanas que passeia pelo maracatu, ciranda, loas e cocos de roda.

No ensaio no último sábado (10) a platéia era composta por outras crianças, parentes dos pequenos músicos, pelo conselheiro tutelar Laércio Glicério e pelo juiz de direito Tito Livio.

Ao Diário da Sulanca o juiz chegou a afirmar que não tem como calcular o tamanho de um projeto como esse que além de resgatar crianças das ruas o projeto ainda levanta a alto-estima dos pequenos músicos.

Laércio Glicério (Conselheiro) e o Juiz Tito Livio entraram na brincadeira

“É um projeto de uma importância que não podemos nem dimensionar, de tão grande e tão bom que é. Além de tirar a criança da droga, da marginalidade, ele devolve para a criança o que é essencial para o seu desenvolvimento, que é a auto-estima, acreditar em si, e ter uma atividade saudável e essa auto-estima vai fazer com que ela se desenvolva em todas as suas áreas, estudo, trabalho, lazer. É uma excelente iniciativa” afirmou Tito Livio.

Para o coordenador do projeto, Alencar Lopes, os obstáculos iniciais foram superados com muita garra e amor a música. E só com o apoio de alguns amigos é que começaram a surgir instrumentos para a garotada.

“Nosso primeiro apoio foi uma doação do COMDECA de R$ 669,19 investidos em algumas alfaias, depois nos apresentamos na Escola Antonio Gomes e passamos a contar com o apoio da população. Quando ministrei um curso de maracatu para a Secretaria de Desenvolvimento Social pedi que minha remuneração fosse em instrumentos e hoje temos 42 músicos no nosso grupo, mas nossa meta é chegar a 100 crianças” relatou Alencar.

Graziela, 11 anos e Rafael, 14, trocaram as ruas pela música

Entre os pequenos músicos estão Graziela da Conceição, 11 anos, que conduz o seu instrumento como quem conduz um parceiro de dança.

“É bom tocar aqui, todo mundo gosta. No primeiro dia não tinha quase nenhum instrumento, eu ia passando, vi vários amigos e me chamaram. To aqui até hoje” afirmou.

Já para Rafael de Andrade, 14 anos, o Maracatu Capibaribe é uma oportunidade de fugir das tentações da rua e de conseguir ser alguém na vida.

“No lugar de esta fazendo alguma coisa pela rua to aqui tocando instrumento, aprendendo música, coisas novas. Meus amigos me chamaram, eu não sabia nem o que era, vim no primeiro dia e achei bom e hoje to aqui. Penso em continuar, ser um grande músico na vida” sonha o pequeno Rafael.

“Para esses meninos e meninas essa oportunidade é única e eles não querer perder essa chance. Nós que temos hoje um compromisso com as crianças e adolescentes não podemos deixar de apoiar uma iniciativa como essa” declarou o conselheiro tutelar Laércio Glicério.

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